terça-feira, 30 de agosto de 2011

Construção coletiva na web - considerações de Pierre Lévy

Com pouco mais de meio século de vida e com muito traquejo no contato com o público, algo que foi claramente adquirido nos últimos vinte anos devido a um crescente interesse da sociedade em ouvir sobre os caminhos da construção do conhecimento na Era Digital, Pierre Lévy esbanja uma simpática e, ao mesmo tempo, seca eloquência ao responder questões diversas sobre temas que gravitam em torno do ciberespaço, como conferiu o Instituto Claro, dias atrás, em entrevista coletiva realizada na USP com o filósofo da comunicação.

Antes um pesquisador introvertido ao lidar com a imprensa, como pode ser visto em vídeos disponíveis no YouTube que datam de décadas passadas, ele hoje compartilha as suas convicções em entrevistas quase sempre com um esboço de sorriso e sem pestanejar. Até mesmo ao afirmar que não gosta de gadgets como smartphones por achar que eles não são as ferramentas mais cômodas para a comunicação, o faz sem qualquer cerimônia. Usa da liberdade de pesquisador que já possui uma extensa obra publicada e reconhecida – “Cibercultura”, “O que é Virtual”, entre outras – para declarar também que a tecnologia, na verdade, complica um pouco a vida das pessoas, pois exige que os usuários se apropriem, que saiam da zona de conforto. Entretanto, deixa claro, do começo ao fim da conversa, que uma robusta estrutura tecnológica é fator essencial para que a sociedade consiga dar saltos na construção coletiva do conhecimento. Abaixo você confere a opinião de Lévy sobre alguns temas recorrentes e relevantes na cultura digital.

Ferramentas que potencializam a construção coletiva na web

“Não é o gadget que eu uso que é importante. Não é o celular, o tablet ou o computador que vai determinar o que eu posso construir, mas sim outros aspectos, muito mais amplos, e que formam um ambiente de comunicação favorável a isso. O primeiro aspecto é a computação ubíqua, que significa poder estar conectado a todo o momento à world wide web (www) e poder se comunicar com qualquer pessoa. O segundo aspecto é a capacidade para reportar a informação a um custo baixo, e hoje temos uma capacidade quase ilimitada, a um custo relativamente baixo, e o terceiro aspecto é a potência computacional, que é a capacidade de o computador fazer associações automáticas por números e símbolos, potencializando o processo da comunicação. Se você tem essa base técnica, você realmente tem um ambiente forte de comunicação que permite desenvolver a inteligência coletiva. É muito mais sobre capacidade, e menos sobre ferramentas, pois se você vai desenvolver algo com alguém, depende muito mais da capacidade técnica e pessoal.”

Impacto dos ambientes colaborativos, como Wikipedia, na educação

“Primeiro é preciso delimitar de que educação falamos. Primária, secundária, superior? Na educação primária, eu acredito que o relacionamento das crianças com números e palavras pode ser fortalecido quando elas podem manipular estes elementos em telas, seja em computadores, tablets, enfim. E melhor se essa dinâmica for realmente interativa. Mas é uma ideia muito equivocada pensar que as tecnologias ou os ambientes digitais, por si só, impactam a educação. Você usa as tecnologias em um caminho traçado, em uma estratégia pedagógica, e isso é o mais importante. O impacto não é automático, não é universal. Se falamos de ambientes colaborativos, tudo depende da forma como o educador vai usá-los. A intenção pedagógica é o que, de fato, vai definir o impacto do uso da tecnologia.”

Gap educacional e digital nos países em desenvolvimento

“No final do século passado, tínhamos algo em torno de 3 a 5% da população mundial conectada. Hoje esse número gira em torno de 30%. Saímos de 3% para 30% em pouco mais de dez anos, e isso é extraordinariamente rápido, certo? Não temos, na história, uma forma de comunicação que tenha se expandido tão rapidamente. Então isso é algo que devemos ter nas nossas mentes, primeiramente. Depois, não adianta pensar que vamos, em três anos, chegar aos 80% da população conectada. Isso é impossível. Precisamos de mais uma, duas ou três gerações para isso. Mas podemos prever que, no meio deste século, teremos mais da metade da população com acesso à web, isso também é fantástico. Então agora, outro ponto: eu sei que estamos numa sociedade em que as pessoas querem tudo imediatamente, mas no mundo real não é assim, e mesmo que fosse, mesmo que tivéssemos hoje internet para todos, se ainda há pessoas que não sabem ler e escrever, elas estariam ainda excluídas. Um dos pontos mais importantes para se falar em benefícios da comunicação é a educação. Todos falam em ‘tecnologia para a educação, tecnologia para a educação’, mas, na verdade, o que precisa estar em foco é a educação para a tecnologia. Este, sim, é um gap bem mais difícil de ser resolvido. É bem mais caro educar, e educar para o mundo digital, do que oferecer internet para todos.

Propriedade intelectual

Na cultura digital, a propriedade intelectual é um assunto muito interessante e uma complexa questão. Quando falamos de pessoas que escrevem livros de narrativa e vivem daquela atividade, é possível entender o lado delas. Não se pode querer que elas digam: ‘Ah, ok, não faço questão dos meus direitos autorais sobre a obra”. Mas, por outro lado, é muito contraprodutivo ter que pagar por materiais educacionais. Eu não sei a resposta correta para esta questão [propriedade intelectual na cultura digital], mas o que posso dizer, como membro da comunidade acadêmica, é que a minha posição é que cada livro ou artigo acadêmico deveria ser uma publicação gratuita na internet. Considero um complexo paradoxo livros científicos que custam muito caro. Penso que estamos em um momento de transição nessa questão, e que diferentes normas vão sendo encontradas. Talvez sejam diferentes, dependendo do setor da sociedade, mas o que defendo é que o conhecimento científico deve ser facilitado.

Fonte: Instituto Claro
http://carolineluvizotto.wordpress.com/2011/08/30/para-pierre-levy-ambiente-comunicacional-e-educacao-para-a-tecnologia-sao-trunfos-para-construcao-coletiva-na-web/


sábado, 20 de agosto de 2011

XV Bienal do Livro Rio

A Bienal do Livro Rio (de 1° a 11 de setermbro) é um dos maiores eventos literários do país, um grande encontro que tem o livro como astro principal. Para os leitores, foi a oportunidade de se aproximarem de seus autores favoritos, além de conhecerem muitos outros. Durante onze dias de evento, o Riocentro sediou a festa da cultura, da literatura e da educação.
Nos espaços dedicados às atrações, o público pode participar de debates e bate-papos com personalidades culturais e de atividades recreativas que promovem a leitura.
Atraente e diversificada, a Bienal do Livro Rio é diversão para toda a família!

Mais informações: http://www.bienaldolivro.com.br/a_bienal/1/index

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Filmes com bibliotecários

É importante refletirmos sobre a imagem do bibliotecário. Tema presente em reflexões de TCC, em algumas novelas e filmes.
Como é a representação do profissional bibliotecário?
Para buscar reposta à esta indagação, segue relação de alguns filmes com bibliotecários:

1- NO MUNDO DE 2020
Sinopse:
No ano de 2022 o mundo superpopulado sofre com o aquecimento e o efeito estufa. Todos são obrigados a morar nas cidades e sofrem com a falta de comida natural. Um pote de geléia de morangos custa 150 dólares, de modo que a maioria das pessoas ingere uma comida artificial conhecida como Soylent Green. Quando o policial detetive Thorn (Heaston) investiga um estranho caso de morte que envolve um executivo da Soylent Corporation, ele descobre a verdadeira fonte do produto.
Foco na profissão: Nesta desolada visão de futuro, os bibliotecários comandam o mundo porque eles são os únicos que têm, ou sabem onde conseguir, a informação. Mas isto não chega a ser um elogio à nossa profissão, a considerar no que o mundo de Soylent Green se transformou. O filme é sombrio, mas traz uma reflexão interessante sobre a explosão da informação. Importante lembrar que esta dominação dos bibliotecários foi vislumbrada bem antes* dos computadores e da explosão da informação.

2- O DESPERTAR DAS TORMENTAS
Sinopse:
História de Alicia Hull (Davis), bibliotecária de uma pequena cidade cujo trabalho é introduzir as crianças no mundo dos livros. Como retorno ao pedido de recursos para a construção de uma ala infantil na biblioteca, o conselho municipal pede que ela retire do acervo o livro O Sonho Comunista nesse período caracterizado pelo Macartismo e a caça às bruxas. Quando ela nega o pedido, os membros do conselho questionam suas atividades do passado. Então ela é demitida e rotulada de subversiva. O juiz Ellerbe (Kelly) acha que ela foi tratada injustamente e convoca uma reunião. Paul Duncan (Keith), um jovem político ambicioso, namorado da bibliotecária assistente Martha Lockeridge (Hunter), vê na reunião uma oportunidade para se projetar e acusa Alicia de comunista. Seu discurso belicoso conduz toda a cidade contra Alicia, exceto o menino Freddie (Coughlin), o favorito da bibliotecária. Ele vai se tornando cada vez mais enraivecido com a atitude da cidade, até atear fogo na biblioteca. E quando a biblioteca arde em chamas, as pessoas mudam repentinamente suas posições e chamam Alicia de volta ao trabalho para supervisionar a construção de uma nova biblioteca.
Foco na profissão: Storm Center é a quintessência da anti-censura, mostrando uma imagem forte e positiva das bibliotecárias personificadas por Bette Davis e Kim Hunter. Embora a narrativa seja datada e a mudança das pessoas seja mostrada de forma inverossímel, Davis é convincente como a bibliotecária de princípios, especialmente quando ela lança a questão: "Como posso me livrar de um livro?" .

3- GOLPE SUJO
Sinopse:
Comédia de humor negro com Goldie Hawn no auge da beleza e da forma física, ela era na época o que Angelina Jolie é hoje, a atriz mais badalada, além de contar com o excelente Chevy Chase numa química excelente na tela. Ela interpreta uma bibliotecária que sem querer envolve-se numa trama de assassinato. Rumores de que o filme teria uma adaptação com a filha de Goldie: Katie Hudson estão cada vez mais fortes. O filme ainda conta na trilha sonora com uma belissima canção de Barry Manilow: Ready to take a chance again.

4- O VENDEDOR DE ILUSÕES
Sinopse:
Neste delicioso musical o vigarista "professor" Harold Hill (Preston) tenta impressionar uma pequena cidade de Iowa com a criação de uma banda marcial. Mas as coisas não acontecem de acordo com o planejado quando a bibliotecária (Jones) descobre as mentiras e tenta desmascarar o professor diante do prefeito (Ford).
Foco na profissão: Jovem, bela e solteira, Marion (Jones) é o estereótipo perfeito da bibliotecária de cidade pequena. A esposa do prefeito denuncia que Marion está emprestando à sua filha "livros indecentes" como Rubaiyat, de Omar Khayyam. Mais tarde Marion rasga a página de um livro da biblioteca para impedir que o prefeito descubra as mentiras do professor Hill. Este filme (e a peça que o precedeu) marcou a expressão "Marion, a bibliotecária"* na profissão. Apesar do retrato estereotipado de bibliotecária solteirona e de coque, Marion fornece uma imagem bastante positiva de bibliotecários que estão dispostos a lutar contra a censura. De fato, ela escorrega na ética profissional quando rasga fora a página do livro para proteger o professor Hill. Mas isto apenas prova que os bibliotecários são humanos.

5- BALADAS EM NOVA YORK
Sinopse:
Filme muito divertido com Parker Posey, cont a história de uma garota festeira que acaba se envolvendo com a policia após uma noite de excessos, contraindo uma divida ela fica sem dinheiro e acaba recorrendo a tia bibliotecária que lhe oferece um emprego na biblioteca municipal. A principio ela detesta a idéia de trabalhar numa biblioteca mas com o passar dos tempos acaba gostando e se encontrando enquanto pessoa e profissional. legal do filme é que a maioria das cenas são na biblioteca e ate a CDD, as fichas e um retrato de Dewey aparece no filme. Detalhe para a cena da organização da biblioteca dançando e quando ela organiza os discos de seu amigo DJ.

6- A MÚMIA
Sinopse:
Rachel Weizs interpreta uma bibliotecária meio maluquinha no filme A Múmia sempre com uma solução inteligente para os problemas que apareciam, mas com uma certa difuculdade para relacionamentos, bem o estereótipo do bibliotecário.

7- ANTARCTICA
Sinopse:
Filme que conta várias histórias de pessoas que vivem em Israel, numa dessas histórias conta a história de um bibliotecário. O filme tem uma temática homossexual e mistura dramas humanos com extraterrestres.

8- TE AMAREI PARA SEMPRE
Sinopse:
Um bibliotecário de Chicago, portador do "gene da viagem no tempo", visita a esposa em diferentes pontos da vida dela. As viagens são realizadas de maneira involuntária e irão trazer sérios problemas para o relacionamento de ambos. Baseado no Best Seller "A mulher do Viajante no Tempo".

9- TRILOGIA O BIBLIOTECÁRIO
Sinopse:
Trilogia de filmes feitos para a televisão americana muito bem sucedida por sinal, conta a história de um bibliotecário que tem que cuidar de um acervo não muito comum, com itens que vão desde a espada excalibur até outros artefatos mitologicos. As historias são bem Indiana Jones e o melhor são os subtítulos das histórias: Em busca da lança do destino; regresso as minas do Rei Salomão e a maldição do cálice de Judas.

10 - AMOR EM OUTRA LÍNGUA
Sinopse:
Onur, que é surdo desde o nascimento, trabalha como bibliotecário. Seu pai deixou sua mãe e ele (quando ele tinha sete anos), e Onur sempre se culpou por isso. Apesar de ser capaz de falar, ele optou por permanecer em silêncio por causa do olhar de piedade das pessoas para com ele. Na festa de noivado de seu amigo Vedat , ele conhece Zeynep, que mais tarde descobre sobre a deficiência auditiva de Onur, mas não se incomoda. Ela é forçada por seu pai dominador a sair de casa e consegue um emprego em um call center. Tendo que falar ao telefone o dia todo com pessoas que ela não conhece, Zeynep encontra a paz com Onur com o qual ela se comunica perfeitamente sem falar.

11 - AGNES E SEUS IRMÃOS
Sinopse:
Agnes é um transexual que trabalha como dançarina noturna e enfrenta dificuldades com o atual namorado. Obcecada pela mãe que nunca chegou a conhecer, Agnes não parece ter muita coisa em comum com seus dois irmãos: Hans Jorg, um bibliotecário desajeitado e tímido e Werner que é um politico bem sucedido, mas vive um casamento infernal. Quando os percalços cotidianos ameaçam enfrentá-los com seus limites, os três irmãos começam a perceber que suas vidas não são tão diferentes quanto parecem.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Anais do XXIV CBBD (Maceió - 2011)


O XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação aconteceu em Maceió de 07 a 10 de agosto de 2011.
O Blog Informação em cena prestigiou o evento na pessoa de sua idealizadora Profa. Luciana Costa, que divulgou o mesmo durante a apresentação oral de seus trabalhos.

Informamos que os Anais do XXIV CBBD já está disponível no site da FEBAB.
http://febab.org.br/congressos/index.php/cbbd/xxiv

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Biblioteca Nacional promove Curso Informativo sobre Preservação de Acervo

Aulas estão marcadas para o período de 17 a 25 de outubro

Estão abertas as inscrições para o Curso Informativo sobre Preservação de Acervos, da Coordenadoria de Preservação da Fundação Biblioteca Nacional, que acontece entre os dias 17 e 25 de outubro. Composto por duas etapas – a primeira com palestras e visitas técnicas e a segunda com cases -, o curso será realizado na Biblioteca Nacional (Av. Rio Branco, 219, Centro – Rio de Janeiro/RJ - Tel. (21) 3095-3808). São apenas 70 vagas e a inscrição vale R$ 350.
Acesse a programação: http://www.bn.br/portal/arquivos/pdf/programa-15-curso-preservacao.pdf
Inscrições: http://www.bn.br/portal/arquivos/doc/ficha-inscricao-15-curso-preservacao.doc

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Apresentações teatrais em São Carlos apresentam a ciência de maneira lúdica e divertida

O 5º Encontro de Teatro e Divulgação Científica acontece entre os dias 3 e 6 de agosto e reúne grupos que se dedicam ao ensino de ciências por meio das artes cênicas.

Entre os dias 3 e 6 de agosto, acontece em São Carlos o 5° Encontro de Teatro e Divulgação Científica "Ciência em Cena", com o objetivo de ensinar e difundir a ciência por meio das artes cênicas. Durante as apresentações, o palco se transforma em uma sala de aula e os professores atuam como atores, que abordam assuntos relacionados a Química, Física, Biologia e Matemática.

A abertura do evento acontece no dia 3, a partir das 18 horas, no Teatro Municipal de São Carlos, com apresentação do Coral da UFSCar e a encenação da peça "O Alienista", apresentada pelo grupo Garbo do Rio de Janeiro. No dia 4, o grupo Alquimia da Unesp de Araraquara realiza, a partir das 15 horas, a apresentação da peça "Como ser um cientista?", no Teatro de Arena, localizado na área externa do Teatro Municipal. Às 17 horas, o grupo Só com Experiência da Estação Ciência da USP apresenta, no palco do Teatro Municipal, o espetáculo "O Rio, o Poeta e a Cidade". Em seguida, acontece a exibição do grupo do Tubo de Ensaio da Universidade Estadual do Ceará (UECE), com o espetáculo "Ar Vital! Quem descobriu?".

O encontro tem continuidade no dia 5, com a apresentação de grupos teatrais da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O encontro será encerrado no dia 6 com a exibição da peça "Além da Lenda", encenada pelo Grupo Ouroboros de divulgação científica da UFSCar. A apresentação acontece a partir das 20 horas no Teatro Universitário Florestan Fernandes, localizado na área Norte do campus São Carlos da Universidade.

As apresentações são abertas a toda a comunidade e a entrada é gratuita. A programação completa, a sinopse das apresentações teatrais e outras informações podem ser obtidas no site do evento, em http://cienciaemcenasc.wordpress.com.

Fonte: Jornal da Ciência