quinta-feira, 25 de abril de 2013

Os profissionais brasileiros têm um dos piores níveis de inglês do mundo


Estudo da Global English mediu a habilidade com o idioma de mais de 200 mil funcionários de empresas nacionais e multinacionais ao redor do mundo.
Os profissionais brasileiros têm um dos piores níveis de inglês do mundo, segundo um estudo da Global English que mediu a habilidade com o idioma de mais de 200 mil funcionários de empresas nacionais e multinacionais ao redor do mundo que não têm o inglês como língua materna. O estudo foi divulgado nesta terça-feira, 23/04, no jornal Valor.

Dentre os 78 países analisados pela empresa de cursos de inglês corporativo, o Brasil ficou na 70ª posição. De 1 a 10, o país ficou com a nota 3,27, o que representa uma leve melhora em relação ao ano passado, quando registrou 2,95. A média deixa o Brasil entre os índices "iniciante" e "básico" - abaixo, inclusive, da América Latina, que ficou com a média de 3,38.

O Brasil fica bem atrás de outros emergentes como a China e de vizinhos como o Uruguai, ambos com nota 5,03, além de ficar longe de outros países lusófonos, como Portugal, com nota 5,47, e Angola, com 4,40. "Estamos muito aquém. Isso pode afetar incrivelmente a capacidade do Brasil de continuar atraindo investimentos de fora", diz o diretor da GlobalEnglish no Brasil, José Ricardo Noronha.

Outro problema está na capacidade de expansão de empresas brasileiras que crescem globalmente. "A gente enxerga que a falta de inglês impacta diretamente na produtividade e no aproveitamento dos talentos. Uma empresa que não fala a língua mundial dos negócios tem o seu potencial muito mais limitado", diz. O ranking é liderado pelas Filipinas, com nota 7,95. A média mais baixa é a de Honduras, 2,92.

Em todo o mundo, apenas 7% dos profissionais apresentam fluência no idioma, porcentagem similar à registrada no Brasil. Mesmo assim, eles sabem a importância de apostar na língua - 91% consideram a proficiência no inglês necessária para avançar na carreira e 94% consideram o "business English" fundamental para conseguir uma promoção.

No Brasil, Noronha percebe mais profissionais e empresas preocupadas com a situação, mas acha que a execução ainda é falha - os profissionais ainda são muito reativos, esperando que a iniciativa parta da empresa, e as companhias acabam treinando poucos talentos, por causa do alto custo. "A falta de inglês ainda é um problema sistêmico, e precisa ser tratada de forma mais estratégica por todos", completa.

(Convergência Digital)

Fonte: Jornal da Ciência

terça-feira, 16 de abril de 2013

Aulas de reforço em português oferecidas por universidades



Instituições como UFF e UniCarioca dão cursos para tentar resolver problema que, segundo especialistas, vem do ensino médio e da falta do hábito da leitura

Apesar figurar entre os 4% dos brasileiros que frequentam cursos de ensino superior, uma parte dos universitários do país ainda lidam com o idioma de Camões como se fosse uma língua estrangeira. Esta é a impressão de professores e outros profissionais que lidam diariamente com essas deficiências. O quadro é tal que instituições como UFF, PUC e UniCarioca oferecem aulas de português instrumental para tentar suprir a lacuna deixada pelo ensinos fundamental e médio. A partir deste ano, a UFRJ também terá aulas de apoio para alunos com problemas de escrita.

Conforme O GLOBO mostrou ontem, formandos que prestaram o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) em 2012 cometeram erros graves de ortografia na prova dissertativa, como "egnorancia" e "precarea". A prova, que mede exatamente a qualidade do ensino superior no país, revelou ainda a falta de coesão e coerência e falhas de construção frasal em muitos dos estudantes.

Para tentar reverter esse quadro, a UFRJ, que já oferecia aulas de apoio em matemática, física e química, também vai passar a ministrar cursos de língua portuguesa, a partir deste ano. No Centro Universitário UniCarioca, aulas gratuitas de português acontecem aos sábados, voltadas para alunos, independentemente da graduação. Com foco em gramática e no novo acordo ortográfico, o curso "Letras&Números" é aberto também a convidados que desejam aprimorar o idioma nativo.

De acordo com a coordenadora pedagógica da Unicarioca, Márcia Aguiar, mesmo tomando parte do fim de semana dos estudantes, a procura tem sido muito maior que a oferta limitada de 100 vagas por semestre. Segundo ela, as maiores dificuldades trazidas pelos alunos são relacionadas à ortografia e à elaboração de frases mais complexas, com períodos compostos. E a explicação é simples:

- Se a pessoa não lê muito, ela certamente vai ter dificuldade em escrever. Por isso nós vemos essas palavras escritas de forma errada e frases sem sentido - comenta a coordenadora. - É um problema estrutural. Muitas pessoas vêm do ensino médio para a faculdade sem saber escrever direito.

O diagnóstico é ratificado pelo coordenador de seleção do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Erick Sperduti, que ainda chama atenção para a "falta de paciência" da geração atual com a leitura. No ano passado, Erick participou de um estudo com 7.219 jovens à procura de estágio tiveram que escrever 30 palavras simples ditadas pelos pesquisadores. O resultado foi alarmante: 28,8% deles erraram mais do que sete termos, o que já bastaria para serem reprovados em processos seletivos de grandes empresas. Surgiram vocábulos como "pro-penção" e "flequicivel".

- O problema começa com o próprio jovem que não desenvolve o hábito da leitura. Mesmo em multinacionais, a pessoa precisa escrever relatórios e se comunicar perfeitamente com seus superiores. Não basta falar inglês ou dominar informática. O Português é levado a sério no mundo corporativo - esclarece Erick.

Apesar da deficiência, a coordenadora do Departamento de Letras da UFF, Mariangela Rios, vê uma maior consciência da importância da língua nativa pelos jovens. Segundo ela, é cada vez maior dentro da UFF a obrigatoriedade de disciplinas de Português instrumental em graduações com Economia e Biblioteconomia. Mariangela entende ainda as falhas graves como um processo sociológico mais profundo.

- A dificuldade do aluno é mesmo no ingresso na universidade. Em cursos com grande relação de candidato/vaga como Medicina, os alunos vêm com bagagem muito maior que outros como a própria faculdade de Letras. Neste caso, os estudantes, muitas vezes, vêm de cursos e escolas com qualidade de ensino mais baixa - argumenta.

(Leonardo Vieira / O Globo)

Fonte: Jornal da Ciência