Prezados leitores do Blog Informação em cena
Segue matéria veiculada no Jornal da Ciência de autoria do Professor Nelson Pretto da Universidade Federal da Bahia.
Vale a pena a leitura sobretudo porque a universidade pública brasileira vem sofrendo com o contigenciamento imposto pelo atual governo federal.
Independente de divergências partidárias, lutemos pela Educação, lutemos pela universidade pública e gratuita!
Estamos vivendo ataques ao nosso sistema público de educação jamais dantes visto. O atual governo mirou especialmente nas Universidades Públicas e partiu para o ataque através da asfixia orçamentária, seguido de acusações verbais do Ministro da Educação à comunidade universitária, afirmando não serem elas “produtivas”, promoverem balburdias, abrigando nudes.
Em sessão no Senado, o Ministro Weintraub, mais uma vez com sua verve raivosa, criticou os últimos investimentos nas universidades: “a gente quis pular etapas e colocou muito recurso no telhado”, referindo-se aos investimentos no ensino superior em comparação com o básico.
A metáfora do telhado é inadequada. Não é possível uma edificação ficar sem a sua camada superior (o tal telhado), sob o risco de desmoronar por falta de proteção. Para além de proteção, o telhado referido é muito mais do que uma simples cobertura, e sim uma grande laje, cujo propósito a população pobre sabe muito bem qual é. Quando se bate uma laje em uma casa popular, o que se quer é ampliar o espaço. A sabedoria daqueles que são historicamente desprotegidos e que sustentam a sociedade brasileira com seu árduo trabalho, indica que, com isso, amplia-se a casa, abriga-se mais gente, filhos, parentes. Enfim, essa laje, o telhado do Ministro, não é uma mera cobertura, é de fato o que possibilita à população mais pobre uma verdadeira base de lançamento para o futuro. Para o indivíduo, ao lhe dar possibilidade de ampliação de sua formação – crítica sim, senhor Ministro, toda formação precisa ser critica. Para o coletivo (toda a sociedade), esses telhados/lajes que são as universidades públicas, se constituem como bases de lançamento para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Ou seja, corresponde a muito mais do que o simples cobrir aquilo que está embaixo. Significa sobretudo a possibilidade de um país se desenvolver com soberania, autonomia e, para não perder o costume, com democracia e justiça social.
Assim, insistimos serem inaceitáveis essas ameças visando aniquilar o enorme patrimônio da sociedade brasileira que são as suas Universidades/Institutos Federais de Educação. Não podemos permitir que o acesso ao ensino superior seja restrito a uma parcela privilegiada da população brasileira, como era até bem pouco tempo.
A lei do PNE precisa ser respeitada e prevê que até 2024, 33% da população entre 18 e 24 anos esteja na universidade (no mínimo 40% no setor público). Estamos longe disso, com apenas cerca de 18%. Para tal, precisamos de recursos, cotas, políticas de assistência estudantil e forte investimento em pesquisa.
A defesa das nossas instituições de ensino e pesquisa deve superar as divergências partidárias, pois defender a universidade pública brasileira é tarefa urgente de toda a sociedade.
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