terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Museu Nacional, um balanço sob a ótica do seu Diretor

Olá, seguidores!

Na publicação desta semana, compartilho aqui no Blog Informação em Cena o artigo do Alexander Kellner, Diretor do Museu Nacional, que foi veiculado no Jornal da Ciência, sob o título de "Que ano! um balanço do projeto Museu Nacional VIVE".

Indico a leitura!

Não tem como não pensar em 2020 como o ano que insiste em não passar… Governadores afastados, prefeitos presos, corrupção novamente em pauta da mídia, terraplanistas em ação, demonstrações de incompetência de logística nos mais diferentes níveis e membros de governos argumentando contra vacinas em pleno século 21! E isso no meio de uma pandemia.

Quem em seus piores pesadelos imaginaria viver um momento assim? De uma “gripezinha” inicial, para meses com o mundo tomado como refém por um vírus, algo somente visto raramente nos livros de história – ou nos filmes de ficção. E a situação de momento nunca esteve tão ruim para muitos países, inclusive o nosso, onde os índices de contaminação e de óbitos estão aumentando, trazendo insegurança e perplexidade.

A parte positiva é saber que existem vacinas no horizonte, se bem que mais perto para alguns do que para outros… Então, em ato contínuo, ou, pior, em paralelo, teremos que lidar com as questões econômicas que o rombo deixado pelo Sars-Cov-2 deixou na economia mundial.

De qualquer forma, o final de ano convida ao balanço de projetos, incluindo o da reconstrução do Museu Nacional/UFRJ. Após a tragédia de 2 de setembro de 2018, quando a instituição científica mais antiga do país ardeu em chamas, o corpo social do Museu criou o projeto Museu Nacional Vive (MNV), que tem um único propósito: reerguer o primeiro museu fundado no país. E temos uma meta ambiciosa a cumprir: abrir parte da instituição nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil – que já é no ano que vem (2022). Será muito triste se nessa data tão significativa, o local onde tudo começou permanecer fechado.



No sentido do compromisso da transparência, apresentamos resultados do projeto em uma coletiva no dia 17 de dezembro. Por mais incrível que possa parecer, a conclusão é que 2020 foi um bom ano para o Museu Nacional! Sei que essa afirmação pode soar estranha, mas abaixo vou enumerar alguns dos avanços obtidos ao longo dos meses, a despeito da pandemia.

– Estabelecimento de um novo sistema de governança para o projeto MNV, com a criação de um comitê executivo formado por representantes da UFRJ, UNESCO, Instituto Cultural Vale, Sociedade Civil e do Museu.

– Início efetivo das atividades do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade sob coordenação do BNDES, que visa pensar nas ações necessárias para o Museu após a inauguração das exposições.

– Instauração do Comitê Institucional, com a participação de instituições que, além das citadas acima, incluem Governo Federal da Alemanha, SBPC, Academia Brasileira de Ciências, IBRAM, Instituto Goethe, ICOM e Câmara Comunitária de São Cristóvão. Outras estão sendo convidadas.

– Compromisso de aporte financeiro ao projeto de R$ 148.3 milhões no ano de 2020, vindos do Instituto Cultural Vale (R$ 50 milhões), ALERJ (R$ 20 milhões), BNDES (R$ 28.3 milhões) e Bradesco (R$ 50 milhões). Além disso houve o aporte de R$ 2.7 milhões do Governo Federal da Alemanha e alguns mais, de outras instituições.

– FAPERJ destinando R$ 350 mil para reformas elétricas. Recentemente mais valores foram aportados em projetos para gerenciamento das coleções científicas que serão efetuados em 2021.

– Início das obras de infraestrutura do novo Campus de Pesquisa e Ensino do Museu Nacional em um terreno cedido pela SPU-RJ (com aval do governo federal) e financiado por uma emenda parlamentar impositiva dos Deputados Federais do Rio de Janeiro ainda em 2018, que foi liberada no final de 2019.

– Término do prédio administrativo no Campus, financiado pelo BNDES.

– Início das obras de reforma da biblioteca.

– Finalização do projeto executivo da reforma do bloco histórico do palácio.

– Licitação da construção de um módulo para instalação de um Centro de Visitantes, com 450 m², para visitação escolar, com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2021.

– Celebração de diversos acordos com instituições nacionais como o BIOPARK (nosso antigo zoológico), que planeja entrar em atividade já no primeiro semestre desse ano.

Mesmo com esses avanços, nem tudo ocorreu como gostaríamos. Havia a expectativa de iniciar as obras do palácio ainda em 2020. Entretanto, atraso na entrega do projeto e questões burocráticas, impossibilitaram alcançar esse objetivo. Agora vamos trabalhar para fazer a licitação e iniciar nos próximos meses as atividades de restauração dessa edificação histórica.

Para continuarmos esse trabalho, seria muito importante um engajamento ainda maior da sociedade e dos governos. Existe a perspectiva e promessa por parte da Prefeitura do Rio em nos apoiar em diferentes ações. Também estamos na perspectiva de uma nova emenda parlamentar da bancada dos Deputados Federais do Rio de Janeiro. E esperamos em engajamento maior do MEC, sem o qual tudo se torna mais difícil. Gostaríamos que em 2021 esses apoios se concretizassem, fazendo deste o ano de entrega efetiva de diversas parte do projeto de reconstrução do Museu Nacional.

Uma das principais certezas que temos no ano que se inicia com incertezas é de que o Brasil precisa de suas instituições científicas e culturais funcionando. Isso inclui o primeiro museu fundado no país e que há 202 anos tem ajudado a sociedade a refletir sobre um mundo melhor.

*O artigo expressa exclusivamente a opinião de seu autor

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/26-que-ano-um-balanco-do-projeto-museu-nacional-vive/

Nenhum comentário:

Postar um comentário