sexta-feira, 6 de junho de 2025

Até sempre Niède, por Renato Janine Ribeiro

O nosso Blog Informação em cena se une as diversas manifestações de reconhecimento, gratidão e reverência à grande Arqueóloga Niède Guidon, que faleceu no dia 4 de junho de 2025, aos 92 anos de idade.


Em sequência, apresentamos, na íntegra, o Editorial do Jornal da Ciência de 6 de junho de 2025, por Renato Janine Ribeiro - Presidente da SBPC.

 “A SBPC se despede com gratidão e reverência. E com o compromisso de manter vivo o legado de uma mulher que escavou não apenas a terra, mas a alma de um Brasil profundo”, escreve Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC, para a editoria especial do JC Notícias desta sexta-feira, que homenageia a arqueóloga, que faleceu no dia 4 de junho, aos 92 anos

Perdemos, nesta semana, uma das mais influentes e revolucionárias cientistas do Brasil. Niède Guidon foi uma arqueóloga brilhante — mas foi muito mais que isso. Visionária, ela aliou ciência, coragem e compromisso social para transformar o sertão em centro de conhecimento sobre o passado da humanidade e de produção de futuros.

Niède enxergou, na Serra da Capivara, muito além das paisagens áridas. Revelou uma história desconhecida da humanidade, desmontando — ali, no interior de um dos estados mais pobres do país — um quebra-cabeças científico consolidado por décadas. Nos mais de 1.200 sítios arqueológicos catalogados no Parque Nacional Serra da Capivara, estão evidências de atividades humanas que datam de mais de 50 mil anos. A história da ocupação do continente americano se divide em antes e depois de Niède. Até suas descobertas no Piauí, as evidências mais antigas apontavam para a presença humana há cerca de 13 mil anos. Foram dezenas de milhares de vestígios — esqueletos, pinturas rupestres, artefatos — que provocaram uma verdadeira revolução na arqueologia das Américas. Em 1991, o parque foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.

Em 1986, Niède criou a Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), em São Raimundo Nonato, a 580 km de Teresina, com o objetivo de preservar essas descobertas e torná-las acessíveis à população. Mas seu compromisso ia além da pesquisa científica. Ela acreditava que o conhecimento só tem valor se caminhar ao lado da dignidade e do desenvolvimento das pessoas.

Como uma grande observadora da humanidade, reescreveu também o presente e o futuro da pequena cidade onde se estabeleceu. A infraestrutura, a formação de guias locais, os projetos sociais, as escolas, a fábrica de cerâmica, as guaritas operadas por mulheres — tudo fazia parte do projeto de uma cientista que enxergava no território um campo de possibilidades.

Conhecê-la foi um privilégio. Há dois anos, estive com colegas da SBPC em sua casa, em São Raimundo Nonato. Lembro do acolhimento caloroso, da liderança silenciosa, do entusiasmo com que compartilhava suas descobertas e sua luta.

Niède foi combativa. Enfrentou o ceticismo da comunidade internacional, a negligência do poder público, e as dificuldades concretas de trabalhar na região mais seca e esquecida do país. Mas nunca cedeu. Como a Caatinga que defendeu com fervor, foi resiliente e generosa, mesmo nas condições mais adversas. Em 2013, destinou grande parte do prêmio de R$ 300 mil que recebeu da Fundação Conrado Wessel para a conclusão das obras do aeroporto de São Raimundo Nonato. Acreditava que ele poderia atrair turistas e ampliar o acesso à região. Agora, o prefeito da cidade solicitou à Assembleia Legislativa do Piauí que o aeroporto passe a se chamar “Aeroporto Internacional Doutora Niède Guidon”.

Sua trajetória é singular. E seu impacto, imensurável. Deixou-nos museus, parques, espécies que levam seu nome, filmes, livros, memória. Mas, sobretudo, nos deixou a certeza de que o passado pode ser uma força transformadora do presente. E que o sertão também pode ser centro.

A história da ocupação humana no continente americano será reescrita muitas vezes ainda. Mas todas elas terão de passar por ela. Porque Niède Guidon não apenas estudou a origem da humanidade — ela nos lembrou do quanto somos capazes de reconstruí-la com ética, ciência e compromisso.

A SBPC se despede com gratidão e reverência. E com o compromisso de manter vivo o legado de uma mulher que escavou não apenas a terra, mas a alma de um Brasil profundo.

Obrigado, Niède.

Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/6-editorial-ate-sempre-niede/&utm_smid=11687309-1-1

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Indicamos o documentário A mulher original. 

O documentário “A Mulher Original”, dirigido por Cristiane Delfina, traz um vislumbre da vida e obra da arqueóloga Niéde Guidon, cujas pesquisas no Piauí revolucionaram o entendimento sobre o povoamento das Américas. Com 30 minutos de duração, o filme é resultado de um extenso trabalho de pesquisa que incluiu mais de 10 horas de entrevistas com a cientista e 40 horas de material audiovisual coletado.

O filme está disponível para acesso gratuito na plataforma Vimeo, com legendas em inglês e espanhol –

https://vimeo.com/delfinah/amulheroriginal (inglês)
https://vimeo.com/manage/videos/157847506 (espanhol)

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Lançamento do livro "A Biblioteca Central da UFPB: memórias"

No último dia 15 de abril de 2025, houve o lançamento do livro "A Biblioteca Central da UFPB: memórias". O livro é de autoria do Professor Dr. Luiz Antonio Gonçalves da Silva, que foi diretor da Biblioteca Central da UFPB entre 1976 e 1980.

Luiz Antonio Gonçalves da Silva é graduado em Biblioteconomia pela Universidade de Brasília (UnB), onde também cursou o mestrado. É Doutor em Ciência da Informação pela Universidad Complutense de Madrid.

Além de ter atuado na BC/UFPB, também atuou no CNPq e no Ibict.

O livro "A Biblioteca Central da UFPB: memórias" foi publicado pela Editora Briquet de Lemos, em 2024. Está disponível para download em: https://archive.org/details/bibliotecacentraldaufpbmemorias/page/43/mode/1up?q=%22braco%22


Leitura imperdível!


sábado, 28 de dezembro de 2024

Nova edição da revista PG&C (v. 14, n. 3, set./dez. 2024)

A revista Perspectivas em Gestão & Conhecimento (PG&C) lançou a sua mais nova edição corrente, o v. 14, n. 3, set./dez. 2024cib.

A edição contempla sete Relatos de pesquisa, um Ponto de vista/comentário, cinco textos que compõem a seção Memória de Eventos Científico-Profissional com os melhores do XXIV Enancib, uma Resenha, além do Editorial em que se discute o fim do Qualis Periódicos.

Acesso aos itens publicados: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc/issue/view/3111

A PG&C está no Instagram: @revistapgec


v. 14 n. 3 (2024)

Publicado: 26-12-2024



Editorial | Editor's Letters

Relatos de Pesquisa | Research Articles

Memória de Evento Científico-Profissional

Expediente | About this Issue

sábado, 4 de maio de 2024

Em pauta, a 76ª Reunião Anual da SBPC que decorrerá em Belém

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) já tem definidos os temas das discussões que irão compor a programação científica da 76ª Reunião Anual. O evento será realizado de 07 a 13 de julho de 2024, no campus Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

Esta edição da RA terá como tema central a “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”.

Com conferências, mesas-redondas, minicursos e webminicursos, painéis e rodas de conversa, a programação foi preparada com o objetivo de levar aos participantes um panorama amplo do que melhor se faz em ciência na Região Norte e em todo o Brasil.

Entre os tópicos que serão apresentados nas conferências por cientistas renomados e experts de diversas áreas do Brasil estão:

o   “A ciência que precisamos para o oceano que queremos: a importância da Amazônia para a década do oceano”;

o   “A criação do instituto dos conhecimentos indígenas e pesquisa do rio negro”;

o   “A economia política da Amazônia e os desafios do desenvolvimento: uma análise crítica dos paradigmas de sustentabilidade”;

o   “A perda dos serviços ambientais ameaça um futuro sustentável e inclusivo para a Amazônia”;

o   “Eventos climáticos extremos e as vulnerabilidades do Brasil”;

o   “Políticas de inovação em saúde para o SUS”;

o   “Inteligência Artificial e suas aplicações em ciência e educação: desafios e oportunidades”.

o   O direito à aprendizagem na alfabetização

o   Ao redor de buracos negros: partículas, ondas e sombras

Nas mesas-redondas, palestrantes convidados de diversas instituições do País levantarão questionamentos para debater com o público sobre assuntos como:

o   “Pecuários resilientes e a manutenção da floresta em pé”;

o   “As unidades de pesquisas do MCTI na Amazônia”;

o   “Avaliação da educação superior no Brasil”;

o   “Caminhos para afastar a Amazônia do ponto de não-retorno com uma nova sociobioeconomia de saudáveis florestas em pé e rios fluindo”;

o   “Ciência, tecnologia e inovação para as cidades brasileiras do futuro”;

o   “Desafios contemporâneos do sistema único de saúde: das grandes metrópoles aos povos tradicionais brasileiros”.

o   Como a matemática pode ajudar a resolver os desafios globais?

o   Plásticos e microplásticos em águas brasileiras: estado da arte, impactos e mitigação

o   Políticas de formação de professores: desafios e perspectivas

o   Saúde e doenças do cérebro: papel benéfico dos neuromoduladores

o   Desafios da Inteligência Artificial

Nos painéis, promovidos pelas sociedades científicas afiliadas à SBPC, especialistas de grande renome vão debater questões atuais de suma importância, tais como:

o   “Políticas afirmativas para negros e indígenas: as cotas raciais como possibilidade de acesso e sucesso”;

o   “Comunicação em tempos de Inteligência Artificial: ampliação ou redução das desigualdades sociais?”;

o   “Desafios atuais da curricularização da extensão universitária na saúde: impacto social, inovação e engajamento cidadão no fortalecimento do SUS”;

o   “Competições científicas: resultados e ações de inclusão”;

o   “Perfil do pesquisador em início e meio de carreira no Brasil”.

Claudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC e também responsável pela coordenação do evento, destaca que esta 76ª Reunião Anual será uma oportunidade singular de ecoar vozes e articular encontros entre instituições e pesquisadores geograficamente distantes do País. “Um problema recorrente nas instituições, especialmente da região Amazônica, é que as pessoas dizem que sua ciência não é escutada, e a SBPC será um canal, não só para ecoar, mas para também promover esse diálogo com o resto do Brasil. Porque, afinal de contas, a biodiversidade é diferente, temos seis biomas espalhados em nosso território, mas os problemas talvez não sejam tão diferentes. Assim como não são tão diferentes os problemas da educação e da valorização da ciência”, diz.

Um exemplo é que neste evento a SBPC dará continuidade aos diálogos amazônicos, buscando dar mais visibilidade aos pesquisadores e acadêmicos da região em um cenário de pré-realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, também chamada de COP30, que Belém sediará ano que vem.

“A gente espera que a SBPC antecipe os grandes debates da COP30. As soluções para a Amazônia brasileira têm que ser encontradas no Brasil, com a ciência que se faz aqui, porque quem mais conhece a Amazônia são os cientistas locais. Queremos olhar para todos os problemas, porque, como diz o agora imortal Ailton Krenak, precisamos adiar o fim do mundo. Mesmo porque as elites e os três poderes do Brasil ainda não olham para esses assuntos como deveriam”, comenta Linhares.

A diretora da SBPC conta ainda que, além das discussões ao redor do tema central do evento, a entidade também incluirá nos debates tópicos da política nacional, como o orçamento e a estratégia para ciência, tecnologia e inovação, educação e saúde pública, entre outros. “Vamos abordar assuntos atuais, como, por exemplo, teremos uma palestra do coordenador-geral da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI), o professor e ex-ministro Sergio Rezende, que irá mostrar os resultados do encontro que acontece em junho, em Brasília, praticamente um mês antes da Reunião Anual. Também teremos uma mesa-redonda que abordará as recomendações para a construção de um novo Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação”, conta.

Linhares destaca que as discussões preparatórias para a 5ª CNCTI foram lançadas na 75ª Reunião Anual da SBPC, em Curitiba, em julho do ano passado, e se espalharam por todo o País, em conferências regionais, municipais, estaduais, livres e temáticas, que já somam mais de 200 eventos.

A Reunião Anual

Criada em 1948, a SBPC é uma entidade voltada à defesa do avanço científico e tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do Brasil. Desde 1949, a entidade realiza, ininterruptamente, as Reuniões Anuais, com os objetivos de difundir para toda a população os avanços da Ciência nacional nas diversas áreas do conhecimento, além de debater políticas públicas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação.

Considerado o maior evento científico da América Latina, as Reuniões Anuais da SBPC são gratuitas e abertas a todos. Reúne todos os anos milhares de pessoas – cientistas, professores e estudantes de todos os níveis, profissionais liberais e visitantes, além de autoridades e gestores, formuladores de políticas públicas para ciência e tecnologia no País.

Sua programação inclui atividades como a SBPC Inovação, SBPC Afro e Indígena e a SBPC Educação. Inclui ainda exposições como a SBPC Jovem e a ExpoT&C, com atrações para todas as idades e interesses.

Esta 76ª edição conta com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), Secretaria Municipal de Educação de Belém, Secretaria de Estado de Cultura do Pará, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Ministério da Educação, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e do Governo Federal.

Os parceiros institucionais são: Universidade do Estado do Pará (UEPA), Instituto Federal do Pará (IFPA), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi.

Programe-se e participe!

Para mais informações: https://ra.sbpcnet.org.br/76RA/

Vivian Costa – Jornal da Ciência

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2024-2028) sob consulta pública

Desde 20 de dezembro, encontra-se sob consulta pública a proposta preliminar do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2024-2028) da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).



A consulta pública termina no dia
25 de janeiro.

É a primeira vez que a Capes abre o PNPG para consulta pública com a finalidade de coletar sugestões e, assim, aproximar a pós-graduação das necessidades da sociedade.

Para participar da consulta pública, deve-se acessar a Plataforma  Participa + Brasil.

A proposta preliminar pode ser consultada no site da Capes ou na própria Plataforma.

Algumas informações sobre o PNPG

O PNPG é um documento que orienta as políticas públicas implementadas no setor, durante a vigência do plano.

A construção do PNPG 2024-228 começou com a Comissão Especial, que realizou um amplo diagnóstico e apresentou recomendações. Com base no documento, a Capes estruturou a proposta preliminar do Plano.

O PNPG 2024-2028 se estrutura em seis eixos. Cada um contém um conjunto de objetivos e metas:

EIXO 1: Do acesso à conclusão na pós-graduação

EIXO 2: Qualidade da pós-graduação e do SNPG

EIXO 3: Educação básica e pós-graduação

EIXO 4: Pesquisa, extensão e inovação

EIXO 5: Assimetrias e desenvolvimento

EIXO 6: Internacionalização


Fonte: Jornal da Ciência e ANPEd


domingo, 18 de junho de 2023

Mestrado em Gestão de Documentos e Governança Arquivística será oferecido pela UEPB em associação com a UFPB

Pioneiro no Estado da Paraíba desde a implantação do bacharelado em 2006, o curso de Arquivologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) celebra mais uma conquista que evidencia os esforços de docentes, gestores e pesquisadores: a aprovação do Programa de Pós-graduação em Gestão de Documentos e Governança Arquivística (PPGDARQ), uma iniciativa oferecida de forma associativa com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no qual a UEPB é a concedente.

Ao celebrar essa conquista, o pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, professor Francisco Jaime, lembra que o curso de graduação em Arquivologia foi o primeiro do Estado, e desde sua criação havia o interesse do corpo docente do curso de criar um curso de mestrado.


“Pude acompanhar as várias tentativas de aprovação desse curso de Pós-graduação e o empenho do corpo docente em tornar a proposta cada vez mais competitiva. Nessa última submissão de APCN (Avaliação de Proposta de Cursos Novos) pensamos em mudar a modalidade do curso, de acadêmico, para profissional, e enviar uma proposta associada à UFPB, que também tem um curso de Arquivologia na mesma cidade, e enfim logramos êxito com a divulgação do resultado da 220° reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior [CTC-ES] da Capes ”, explica Francisco Jaime.


De acordo com o pró-reitor essa é a primeira proposta de curso de Pós-graduação da UEPB em associação com outra universidade pública do Estado, e com isso a UEPB passa a contar com 28 Programas de Pós-graduação, consolidando cada vez sua posição de destaque a nível nacional.


A coordenadora da graduação em Arquivologia, professora Eliete Correia dos Santos, que integrou a Comissão que elaborou a proposta do novo curso de Pós-graduação, recorda que o processo de idealização do Mestrado iniciou em 2014, a primeira submissão à Capes foi em 2016, desde então foram realizadas outras tentativas, realizados alguns ajustes a partir das contribuições de pesquisadores de outras instituições, até o encaminhamento de uma proposta conjunta com a UFPB e a aprovação.


“Em 2016, fizemos uma primeira submissão à Capes, na modalidade acadêmica. A área e linhas discutidas com uma referência da arquivologia nos enchia de esperança. Entre 2019 a 2022, após batermos na trave no processo junto à Capes, organizei uma comissão externa para ler e sugerir alterações no projeto inicial. Nesse ínterim, surgiu a ideia da proposta conjunta com a UFPB e ajustamos a proposta para a modalidade profissional”, relembra a professora Eliete.


O PPGDARQ conta com duas linhas de pesquisa: “Arquivologia e suas dimensões interdisciplinares” e “Saberes e Fazeres Arquivísticos para a Governança”. Após a aprovação do curso, a perspectiva é que seja divulgado o edital de seleção para as 20 vagas que serão ofertadas no último trimestre de 2023, e as aulas sejam iniciadas entre fevereiro e março de 2024.


Texto: Juliana Marques


Fonte: https://uepb.edu.br/mestrado-em-gestao-de-documentos-e-governanca-arquivistica-sera-oferecido-pela-uepb-em-associacao-com-a-ufpb/

quinta-feira, 16 de março de 2023

ChatGPT: tecnologia, limitações e impactos

É preciso conhecer o alcance dos impactos sociais e políticos que a nova tecnologia reserva e criar uma regulamentação que permita proteger a sociedade de possíveis consequências adversas”, escrevem Virgilio Almeida, professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais; Ricardo Fabrino Mendonça, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais; e Fernando Filgueiras, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás

Em um artigo publicado na revista Nature em 2020, destaca-se uma observação que se aplica bem à chegada da nova onda de tecnologias de inteligência artificial (IA), popularizada pelo surgimento do ChatGPT (ferramenta de diálogo) no fim de 2022. Diz a autora: não pergunte se a IA é boa ou justa. A questão é mais ampla e deveria buscar explorar como a IA está mudando as relações de poder.


Essa pergunta se aplica diretamente ao ChatGPT. Para entender o impacto dessa tecnologia, além do deslumbramento inicial que capturou a imaginação das pessoas, são necessários alguns conhecimentos multidisciplinares. É importante conhecer não apenas a arquitetura tecnológica desses ‘chatbots’ como também saber interpretar o significado dessas ferramentas, decidir como devem ser aplicadas e, principalmente, em que mundo queremos viver com esses seres tecnológicos.

Portanto, precisamos contar com conhecimento de especialistas de vários campos da ciência, engenheiros da computação, pesquisadores das ciências sociais, das humanidades e do direito. Todos têm a contribuir.

Fundamentos da nova ferramenta

Os sistemas usados no processamento de linguagens naturais são conhecidos como modelos de linguagem. A definição clássica de um modelo de linguagem é uma distribuição de probabilidades sobre sequências de símbolos ou palavras. Embora conceitualmente um modelo de linguagem seja um objeto simples, na prática a atribuição de probabilidades significativas a todas as sequências de símbolos ou palavras é complexa e requer habilidades linguísticas extraordinárias e conhecimento da realidade. Para isso, esses modelos são treinados com grandes massas de dados textuais.

Para calcular a distribuição de sequências de símbolos ou textos, são usados modelos generativos, conjuntos de algoritmos que visam aprender a distribuição real de dados para então gerar probabilidades de novos textos com algumas variações. Como nem sempre é possível aprender a distribuição real dos dados, procura-se modelar um padrão que seja o mais próximo possível da distribuição real. Para aprender uma função aproximada de distribuição de probabilidades dos dados reais, são usadas redes neurais (modelo computacional baseado em unidades chamadas de neurônios artificiais, conectadas entre si para transmitir sinais).

O desenvolvimento de IAs baseadas em aprendizado de máquina (machine learning) já ocorre há algumas décadas. Quando o cientista da computação alemão Joseph Weizenbaum (1923-2008) criou, entre 1964 e 1966, o algoritmo Eliza, contribuiu com aspectos teóricos para o processamento de linguagem natural e construiu a percepção sobre os impactos dessas tecnologias na sociedade. Ao ver sua secretária no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, fazer confidências para Eliza, mesmo sabendo que se tratava de um programa de computador, Weizenbaum percebeu o poder dessa tecnologia.

Leia a íntegra: Ciência Hoje

Fonte: Jornal da Ciência