sexta-feira, 28 de junho de 2019

Recomposição da biblioteca do Museu Nacional

Publicações e livros raros de antropologia do acervo do Instituto Socioambiental (ISA) ajudarão o Museu Nacional a recompor sua biblioteca, destruída no incêndio que atingiu a instituição, no Rio de Janeiro, em setembro de 2018. Na semana passada, o ISA doou grande parte de sua própria biblioteca para o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (PPGAS) da UFRJ, que abriga a Biblioteca Francisca Keller (BFK).
São 3.873 livros, 206 teses e dissertações e 177 coleções de periódicos sobre povos indígenas, populações tradicionais, meio ambiente e temas relacionados. As 104 caixas enviadas ao Rio de Janeiro contêm publicações raras na área, como a edição da Revista do Museu Paulista, da USP, de 1949, com o ensaio de Florestan Fernandes sobre os Tupinambá.
São livros, teses e periódicos garimpados em sebos e livrarias desde 1969. Tudo começou com uma iniciativa de Beto Ricardo e Fany Ricardo, que, ainda na graduação de Ciências Sociais, na Universidade de São Paulo, começaram a colecionar uma bibliografia importante sobre o tema. Esse acervo inicial foi institucionalizado com a fundação do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI), em 1974, e a formação do programa Povos Indígenas no Brasil.
“Depois, os pesquisadores passavam no CEDI para falar sobre a situação nas áreas em que trabalhavam e deixavam cópias de suas teses. Ou seja, uma contribuição espontânea dos colaboradores do CEDI, e que formou um acervo de teses, algumas delas raras, dentro do Programa Povos Indígenas no Brasil”, relembra Beto Ricardo.
Todo o acervo foi incorporado ao ISA na sua fundação, em 1994, e potencializado com novas obras. As edições da série Povos Indígenas no Brasil utilizaram obras dessa biblioteca e, em suas últimas edições, apresentam um encarte com os fac-símiles das publicações utilizadas (veja aqui). Apesar da doação à biblioteca, o acervo do ISA continuará recebendo contribuições. A maior parte dele está digitalizada.
“A coleção do ISA vai ser um carro chefe da nova biblioteca, uma das maiores doações”, afirma Carlos Fausto, membro da Comissão de Reconstrução da Biblioteca Francisca Keller (BFK), do Museu Nacional
Os trabalhos de reconstrução da biblioteca começaram uma semana após o incêndio. Desde então, o PPGAS tem recebido doações de livros, que comporão a nova biblioteca em outro prédio dentro da Quinta da Boa Vista, que não foi atingido pelo fogo. A expectativa é de que a nova biblioteca tenha cerca de 20 mil livros.
Periódicos
A BFK não estava aceitando doações de periódicos. “Contudo, os periódicos da coleção do ISA não estão na internet e, portanto, resolvemos aceitar tudo”, afirmou Carlos Fausto.
São periódicos publicados por organizações indígenas, indigenistas (órgãos públicos, ONGs, igrejas, entre outros), da sociedade civil (Conselho Nacional dos Seringueiros, por exemplo) e instituições acadêmicas e de pesquisa do Brasil, América Latina, EUA e Europa, principalmente sobre povos indígenas.
A coleção mais antiga é da Revista do Museu Paulista, da USP. A coleção do ISA vai do volume 2, nova série (dedicada à antropologia, principalmente à etnologia indígena), de 1948, ao volume publicado em 1985. Outro título de periódico importante para a etnologia é a Revista de Antropologia, da USP. A coleção do ISA vai do volume 1, número 1, de 1953 (capa anexa) ao volume 27/28, de 1984/1985.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Castelo da FIOCRUZ - visita virtual

Olá, seguidores do Blog Informação em cena.
Olhem que notícia fantástica!
Não percam tempo! Façam a visita virtual ao Pavilhão Mourisco (Castelo da FIOCRUZ), símbolo da Ciência do Brasil.
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Castelo Mourisco está concorrendo a símbolo do Patrimônio da Humanidade, da Unesco
O Pavilhão Mourisco, mais conhecido pela população como “Castelo Fiocruz”, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é uma referência para quem passa pela Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, chegando ou saindo da cidade, indo ou voltando do trabalho. “Um castelo no meio da floresta”, dizem alguns. “Uma lembrança da infância”, destacam outros. Ícone no imaginário carioca, o edifício é, também, um símbolo da ciência brasileira e candidato a Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Nem todo mundo sabe, porém, que esse Castelo guarda muitos tesouros. Mosaicos inspirados em tapeçaria árabe. Livros, fotos, documentos e objetos históricos. Coleções entomológicas que expõem insetos de várias regiões do Brasil. Detalhes arquitetônicos que, além de raros, testemunharam o nascimento e o desenvolvimento da saúde pública brasileira. Para fazer uma visita completa a esse Castelo, basta vir à Fiocruz no Rio de Janeiro, mas para quem não puder, poderá fazer uma visita virtual ao Castelo Mourisco, graças ao Tour 360º, um passeio virtual desenvolvido pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com outras áreas da Fundação, como a Presidência, a Coordenação-Geral de Administração (Cogead), Bio-Manguinhos e a Casa de Oswaldo Cruz (COC). O lançamento desse tour virtual ocorreu na sexta (31/5), durante as comemorações dos 119 anos da Fiocruz.
Produto web que pode ser acessado em computadores, tablets e celulares, a visita virtual ao Castelo Mourisco é repleta de surpresas. À medida que avança pelas escadarias e corredores da edificação, os internautas encontram ícones que abrem janelas com informações históricas, curiosidades e a descrição de detalhes arquitetônicos. Além disso, podem acessar as exposições, de forma similar ao que já é feito em ambientes virtuais de museus ao redor do mundo.
Diversidade e trabalho em equipe, afinal, são palavras-chave na trajetória do próprio Castelo, que teve o esboço feito por Oswaldo Cruz, mas foi projetado pelo arquiteto Luiz Moraes Junior. Sua construção começou em 1905, e foi concluída em 1918. A inspiração neomourisca veio do Palácio de Alhambra, em Granada (Espanha), mas seu estilo é considerado eclético. Desde 1981, o conjunto arquitetônico do Castelo Mourisco é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico e, atualmente, é candidato a Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Só em imagens, foram produzidas mais de mil fotos para a confecção do hotsite especial. Dessas, mais de 400 já tratadas estão disponíveis na galeria Mourisco, do banco de fotos Fiocruz Imagens, que pode ser acessado mediante cadastro gratuito. Toda a produção do projeto foi coordenada por Leonardo Oliveira, analista de sistemas do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde – Icict, da Fiocruz.
E para saber mais sobre visita virtual ao Castelo Mourisco – Tour 360, clique aqui https://www.icict.fiocruz.br/content/castelo-mourisco-ganha-tour-virtual
Assessoria de Imprensa

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Universidade pública: patrimônio da nação por Nelson Pretto

Prezados leitores do Blog Informação em cena
Segue matéria veiculada no Jornal da Ciência de autoria do Professor Nelson Pretto da Universidade Federal da Bahia.
Vale a pena a leitura sobretudo porque a universidade pública brasileira vem sofrendo com o contigenciamento imposto pelo atual governo federal.
Independente de divergências partidárias, lutemos pela Educação, lutemos pela universidade pública e gratuita!

Estamos vivendo ataques ao nosso sistema público de educação jamais dantes visto. O atual governo mirou especialmente nas Universidades Públicas e partiu para o ataque através da asfixia orçamentária, seguido de acusações verbais do Ministro da Educação à comunidade universitária, afirmando não serem elas “produtivas”, promoverem balburdias, abrigando nudes.
Em sessão no Senado, o Ministro Weintraub, mais uma vez com sua verve raivosa, criticou os últimos investimentos nas universidades: “a gente quis pular etapas e colocou muito recurso no telhado”, referindo-se aos investimentos no ensino superior em comparação com o básico.
A metáfora do telhado é inadequada. Não é possível uma edificação ficar sem a sua camada superior (o tal telhado), sob o risco de desmoronar por falta de proteção. Para além de proteção, o telhado referido é muito mais do que uma simples cobertura, e sim uma grande laje, cujo propósito a população pobre sabe muito bem qual é. Quando se bate uma laje em uma casa popular, o que se quer é ampliar o espaço. A sabedoria daqueles que são historicamente desprotegidos e que sustentam a sociedade brasileira com seu árduo trabalho, indica que, com isso, amplia-se a casa, abriga-se mais gente, filhos, parentes. Enfim, essa laje, o telhado do Ministro, não é uma mera cobertura, é de fato o que possibilita à população mais pobre uma verdadeira base de lançamento para o futuro. Para o indivíduo, ao lhe dar possibilidade de ampliação de sua formação – crítica sim, senhor Ministro, toda formação precisa ser critica. Para o coletivo (toda a sociedade), esses telhados/lajes que são as universidades públicas, se constituem como bases de lançamento para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Ou seja, corresponde a muito mais do que o simples cobrir aquilo que está embaixo. Significa sobretudo a possibilidade de um país se desenvolver com soberania, autonomia e, para não perder o costume, com democracia e justiça social.
Assim, insistimos serem inaceitáveis essas ameças visando aniquilar o enorme patrimônio da sociedade brasileira que são as suas Universidades/Institutos Federais de Educação. Não podemos permitir que o acesso ao ensino superior seja restrito a uma parcela privilegiada da população brasileira, como era até bem pouco tempo.
A lei do PNE precisa ser respeitada e prevê que até 2024, 33% da população entre 18 e 24 anos esteja na universidade (no mínimo 40% no setor público). Estamos longe disso, com apenas cerca de 18%. Para tal, precisamos de recursos, cotas, políticas de assistência estudantil e forte investimento em pesquisa.
A defesa das nossas instituições de ensino e pesquisa deve superar as divergências partidárias, pois defender a universidade pública brasileira é tarefa urgente de toda a sociedade.