sábado, 2 de abril de 2011

Livroclips

Livroclips consistem em um trailers, como os de filmes, que trazem resumos de obras, com foco em despertar o interesse dos alunos para a leitura dos clássicos.

Madalena de Fátima Yamamoto, 47 anos, bibliotecária do Colégio Augusto Laranja, localizado na Zona Sul de São Paulo, jura que não estranhou quando viu sob sua gestão a nova biblioteca digital da escola, recheada de livroclips, um instrumento interativo criado para que crianças e jovens assistam aos livros no computador.

De fato, assistir não é o verbo mais adequado para o ato da leitura. Mas desde fevereiro, alunos de cerca de 300 escolas pertencentes à rede Programa Escolas Associadas, da Unesco no Brasil, já assistem aos livros clássicos.

Ainda soa estranho? Pois o livroclip consiste em um trailer, como os de filmes, que traz um resumo da obra, com foco em despertar o interesse dos alunos para a leitura dos livros - de papel ou digital, não importa.
"Muita gente comenta que vamos acabar perdendo o emprego para as novidades tecnológicas, mas eu não acredito que o livro vá acabar. Eu tenho de estar atualizada, não posso ver o livroclip como um concorrente. Ele é um suporte, um incentivo à leitura", garante a bibliotecária.

A iniciativa foi desenvolvida pelo Instituto Canal do Livro - associação sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar professores em letramento digital -, em 2005, como um recurso educacional e acabou sendo premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Desde 2008 faz parte do Banco Internacional de Objetos Educacionais do Ministério da Educação. Agora, o livroclip está ganhando status de instrumento de capacitação de professores no uso de livros digitais na sala de aula.

"Ler um livro do Graciliano Ramos ou de José Alencar não é fácil para um jovem de hoje", afirma Madalena. Se os alunos de "ontem" achavam mais fácil, a bibliotecária garante que não. "A diferença é que os jovens de agora têm mais liberdade de expressão e reclamam", explica.

Logo, para que eles leiam os clássicos, terão de ser convencidos. E para isto os colégios estão ocupando o espaço favorito dos estudantes, os computadores. "É como uma propaganda de um produto", avalia.
"Temos de falar a linguagem deles, mostrar que os livros têm enredos interessantes e deixá-los curiosos para buscar o papel depois."
Nova biblioteca

A biblioteca digital do Colégio Augusto Laranja foi aberta há cerca de um mês, com 100 títulos voltados para alunos do fundamental II (6º a 9º ano) e ensino médio. A ideia é que os professores atuem como mediadores na leitura.

"Estimular a leitura não é só oferecer livros. Muitos acabam estocados em casa. Quem tem sorte de ter pais leitores acaba tendo essa mediação em casa. Mas os demais contam com a escola para fazer este papel", diz Luiz Chinan, presidente do Instituto Canal do Livro.

Na biblioteca da escola, os professores podem se integrar a redes sociais como Twitter e Facebook para sugerir novas leituras aos alunos. O momento agora é de testar atividades de aulas e preparar a plataforma, para que, no futuro, sejam criados aplicativos de tablets e aparelhos como iPhone ou seus similares.

"A ideia é criar aplicativos com a cara da escola, que atue em um ambiente seguro para o aluno", afirma Chinan. Os alunos podem, por exemplo assistir aos livroclips das obras que serão pedidas no vestibular.

O Instituto Canal do Livro também desenvolve materiais como livros games e mesmo jogos como o Enem War - que, apesar do trocadilho, foi desenvolvido antes dos problemas do Exame Nacional do Ensino Médio, que se arrastam desde o ano passado.

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