segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pesquisa sobre população com diploma universitário

Pesquisa sobre população com diploma universitário deixa o Brasil em último entre 36 países.

Para concorrer em pé de igualdade com as potencias mundiais, o Brasil terá que fazer um grande esforço para aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior.

Levantamento feito pelo especialista em análise de dados educacionais Ernesto Faria, a partir de relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), coloca o Brasil no último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população de 25 a 64 anos.

Os números se referem a 2008 e indicam que apenas 11% dos brasileiros nessa faixa etária têm diploma universitário. Entre os países da OCDE, a média (28%) é mais do que o dobro da brasileira. O Chile, por exemplo, tem 24%, e a Rússia, 54%. O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, disse que já houve uma evolução dessa taxa desde 2008 e destacou que o número anual de formandos triplicou no País na ultima década.

"Como saímos de um patamar muito baixo, a nossa evolução, apesar de ser significativa, ainda está distante da meta que um país como o nosso precisa ter", avalia. Para Costa, esse cenário é fruto de um gargalo que existe entre os ensinos médio e o superior. A inclusão dos jovens na escola cresceu, mas não foi acompanhada pelo aumento de vagas nas universidades, especialmente as públicas. "Isso [acabar com o gargalo] se faz com ampliação de vagas e começamos a acabar com esse funil que existia", afirmou ele.

Costa lembra que o próximo Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece como meta chegar a 33% da população de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior até 2020. Segundo ele, esse patamar está, hoje, próximo de 17%. Para isso será preciso ampliar os atuais programas de acesso ao ensino superior, como o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que aumentou o número de vagas nessas instituições, o Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece aos alunos de baixa renda bolsas de estudo em instituições de ensino privadas e o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), que permite ao estudantes financiar as mensalidades do curso e só começar a quitar a dívida depois da formatura.

"O importante é que o ensino superior, hoje, está na agenda do brasileiro, das famílias de todas as classes. Antes, isso se restringia a poucos. Observamos que as pessoas desejam e sabem que o ensino superior está ao seu alcance por diversos mecanismos", disse o secretário.

Os números da OCDE mostram que, na maioria dos países, é entre os jovens de 25 a 34 anos que se verificam os maiores percentuais de pessoas com formação superior. Na Coreia do Sul, por exemplo, 58% da população nessa faixa etária concluiu pelo menos um curso universitário, enquanto entre os mais velhos, de 55 a 64 anos, esse patamar cai para 12%. No Brasil, quase não há variação entre as diferentes faixas etárias.

O diagnóstico da pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e especialista no tema Elizabeth Balbachevsky é que essa situação é reflexo dos resultados ruins do ensino médio. Menos da metade dos jovens de 15 a 17 anos está cursando o ensino médio. A maioria ou ainda não saiu do ensino fundamental ou abandonou os estudos. "Ao contrário desses países emergentes, a população jovem que consegue terminar o ensino médio no Brasil [e que teria condições de avançar para o ensino superior] é muito pequena".

Como 75% das vagas em cursos superiores estão nas instituições privadas, Elizabeth defende que a questão financeira ainda influencia o acesso. "Na China, as vagas do ensino superior são todas particulares. Na Rússia, uma parte importante das matrículas é paga, mas esses países desenvolveram um esquema sofisticado de financiamento e apoio ao estudante. O modelo de ensinos superior público e gratuito para todos, independentemente das condições da família, é um modelo que tem se mostrado inviável em muitos países", compara ela.

A defasagem em relação outros países é um indicador de que os programas de inclusão terão que ser ampliados. Segundo Costa, ainda há espaço - e demanda - para esse crescimento. Na última edição do ProUni, por exemplo, um milhão de candidatos se inscreveram para disputar as 123 mil bolsas ofertadas. Elizabeth sugere que os critérios de renda para participação no programa sejam menos limitadores, para incluir outros segmentos da sociedade.

"Os dados mostram que vamos ter que ser muito mais ágeis, como estamos sendo, fazer esse movimento com muita rapidez porque, infelizmente, perdemos quase um século de investimento em educação. A história nos mostra que a Europa e outras nações como os Estados Unidos e, mais recentemente, os países asiáticos avançaram porque apostaram decididamente na educação. O Brasil decidiu isso nos últimos anos e agora trabalha para saldar essa dívida", disse a pesquisadora.

(Agência Brasil-21/4)
Fonte: Jornal da Ciência

domingo, 24 de abril de 2011

UFPB adere ao Twitter

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) já dispõe de uma nova ferramenta virtual para interagir ainda mais com a sociedade e com a comunidade acadêmica. Trata-se do twitter que poderá ser acessado pelo endereço @ufpboficial

A ferramenta é administrada pelo Polo Multimídia da UFPB, com sede no campus I, em João Pessoa. “Com essa ferramenta a universidade já pode interagir mais com a sociedade, com seus estudantes, com seu quadro de professores e técnicos, a imprensa, recebendo e fornecendo informações”, disse a diretora do Polo Multimídia, professora Sandra Moura.

O serviço já está operando. Esta ferramenta se torna importante para uma instituição do porte da UFPB que dispõe de mais de 35 mil estudantes, 6 mil servidores, entre docentes e técnicos, além da comunidade externa.

O twitter funcionará também como uma prestação de serviços, pois muitas vezes os interessados procuram, por desinformação, a Reitoria para resolver assuntos que dizem respeito diretamente as coordenações de curso ou a outros setores. Neste caso, elas, além de acessarem informações sobre as ações da UFPB, também serão orientadas a quem se dirigir quando necessitarem resolver assuntos de seu interesse.

Fonte: site da UFPB

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Cinco curiosidades sobre bibliotecas


1 - As bibliotecas são todas iguais?

Apesar de todas terem mais ou menos o mesmo layout (estantes cheias de livros e revistas), elas são diferentes entre si. Essas diferenças tem a ver com o tipo de acervo predominante e o público-alvo (perfil do público que mais frequenta a biblioteca). De forma geral, as bibliotecas podem ser:

- Bibliotecas escolares: localizadas nas escolas de educação infantil, ensino fundamental e médio. Seus acervos abrangem materiais para pesquisa escolar, livros didáticos e paradidáticos, infantis e infanto-juvenis.

- Bibliotecas universitárias: localizadas em faculdades e universidades. Seus acervos devem levar em consideração as bibliografias dos cursos que são oferecidos nas instituições. O MEC - Ministério da Educação avalia periodicamente a qualidade dos acervos dessas bibliotecas.

- Bibliotecas públicas: são mantidas pela administração pública e seus acervos atendem a todos os perfis: de crianças a adultos. Por essa razão é possível achar “de tudo um pouco”.

- Bibliotecas especializadas: são aquelas voltadas a temas mais específicos: meio ambiente, artes, indústria, etc. Geralmente estão ligadas a instituições de pesquisa ou mesmo empresas, servindo de apoio a funcionários ou pesquisadores internos. Como são materiais com maior grau de especialidade, costumam receber pesquisadores de fora também.

- Bibliotecas comunitárias: criadas por iniciativa de pessoas físicas ou por comunidades carentes de iniciativas culturais e não pelos governos; elas acabam tendo apoio dos moradores e empresários da região e de entidades sociais.

Não podemos nos esquecer das bibliotecas na internet. Geralmente são chamadas de bibliotecas digitais e bibliotecas virtuais. Elas, via de regra, não são a mesma coisa. Veja só:

- Bibliotecas digitais: disponibilizam conteúdos que existem no mundo real. Ou seja: lá você encontra a versão digital e integral de livros e monografias que existem em versão impressa. E isso com os devidos direitos autorais em dia.

- Bibliotecas virtuais: disponibilizam conjunto de links e conteúdos, disponíveis somente na internet, sobre determinados assuntos.

2 - Por que pedem para não recolocar os livros na estante, depois que eu os uso?

Porque os funcionários adoram ter trabalho a mais para fazer? Não. Muitas bibliotecas adotam como um dos métodos para verificar o uso dos itens do acervo. Contabilizando o que foi retirado das estantes, tem-se uma ideia dos assuntos e livros mais acessados. Deixar a recolocação a cargo da própria biblioteca garante que os livros sejam devolvidos ao seu próprio lugar, na ordem correta, sem ter o perigo de ficar “perdido” no meio do mar de livros. Até porque a ordem segue regras especiais, como veremos a seguir.

3 - O que querem dizer aqueles números e letras de localização nas lombadas dos livros?

Quando você faz a pesquisa por um livro, seja no computador ou nas famosas fichinhas de arquivo, encontra um código de localização que, em princípio, lhe permitirá encontrar o livro na estante. Você anota:

869.933
A368i


E se pergunta: “o que isso tudo quer dizer?!”. Bem, para desvendar logo o mistério, esse emaranhado de números e letras corresponde ao livro Iracema, do escritor brasileiro José de Alencar, conhecido de muitos estudantes brasileiros. Mas, hein? Explicamos:

O número “869” corresponde, genericamente, à literatura portuguesa; “869.9”, à literatura brasileira; “869.93” a “romance brasileiro”. E, finalmente, “869.933” a um romance da literatura brasileira do período romântico (final do século XIX). Engenhoso, não? Essa intrincada codificação é chamada de classificação (maneira de dar assuntos aos conteúdos) e tem, na prática, a missão de ordenar os livros e demais materiais nas estantes, de modo que seja sempre possível reencontrá-los quando necessário. A classificação acima veio da CDD - Classificação Decimal de Dewey.

Com o “A368i”, podemos definir que é o livro de Alencar. O “A” corresponde à primeira letra do sobrenome do autor (nesse caso, Alencar). O “368” vem de uma tabela específica de regras para sobrenomes de autor - chamada Tabela Cutter - e corresponde a “Alen”; então qualquer sobrenome que se aproximar dessa partícula pode ganhar esse número. “i”, assim minúsculo mesmo, corresponde à primeira letra do título do livro, onde artigos e preposições são ignoradas (Iracema).

A CDD - Classificação Decimal de Dewey (ou DCC - Dewey Decimal Classification, em inglês) foi criada em 1876 pelo estadunidense Melvil Dewey (1851-1931). O então jovem assistente bibliotecário da Amherst College (Massachussetts) criou um sistema que tinha como objetivo organizar todo o conhecimento do mundo em 10 grandes classes temáticas.

000 - Obras gerais. Generalidades (aí entram dicionários e enciclopédias)
100 - Filosofia (inclui também a Psicologia)
200 - Religião
300 - Ciências Sociais (Direito, Administração, Educação, Antropologia, entre outras)
400 - Linguística
500 - Ciências Puras (Matemática, Física, Química, Biologia, Zoologia, entre outras)
600 - Ciências Aplicadas (Medicina, Engenharia, Tecnologia, entre outras)
700 - Artes e Divertimentos
800 - Literatura
900 - História

Cada classe pode ser desdobrada em outras subdivisões e seções - que também seguem a lógica decimal - a fim de que o tema seja cada vez mais específico. Se você se deparar com um baita número, pode apostar que a classificação tentou ser bem minuciosa. É claro que, em pleno século 21, a ideia de tentar abarcar todo os assuntos do mundo, em um sistema de classificação, parece bastante ingênua. Novas temáticas são criadas, outras se fundem e algumas outras caem em desuso ou são alvo de questionamentos. E é assim que o conhecimento humano se desenvolve... Ao menos, a CDD (e outros sistemas como a CDU - Classificação Decimal Universal e a LC - criada pela Library of Congress) acaba tendo utilidade na organização das estantes das bibliotecas. Os livros são ordenados nas prateleiras seguindo a ordem da sua classificação (ordem numérica) e alfabética (ordem das letras dos autores e títulos), da esquerda para a direita, de cima para baixo.

4 - Já ouvi falar que na biblioteca eles “tombam” os livros. O que isso quer dizer?

Não tem relação com nenhum ato de violência contra os livros, nem com reações de estresse laboral. “Tombar”, no jargão do mundo das bibliotecas, significa dar um número de registro logo que um novo livro entra no acervo. Tal como um “R.G.”, esse número individual acompanha o livro para todo o sempre. Geralmente, você pode observar o número de tombo na folha de rosto do livro (a primeira página onde houver todos os dados referentes a ele, como: título, autor, editora, ano de publicação) e na página 100. Se quiser fazer um teste, tente abrir qualquer livro de uma biblioteca na página 100, e você encontrará o número de tombo.

5 - Qual foi a primeira biblioteca do mundo? E qual a primeira do Brasil?

É difícil dizer qual foi a primeira biblioteca a ser criada no mundo, até porque as bibliotecas já existiam antes mesmo do tipo de livro que conhecemos hoje em dia. Os povos antigos (babilônios, assírios, egípcios, persas, chineses, gregos, etc.) já reuniam seus acervos de documentos e escritos registrados em placas de argila, papiros e pergaminhos. Segundo os historiadores, uma das bibliotecas mais antigas que se tem notícia é a Biblioteca de Nínive, capital do Império Assírio (onde está localizado o Iraque atualmente), também conhecida como Biblioteca de Assurbanipal - rei da Babilônia no século 7 a.C. A biblioteca - construída no próprio palácio do rei - era composta por tábuas de argila e tinham como assuntos religião, magia, história, astrologia, catálogos de plantas e de animais, mapas e outros.

Porém, a mais famosa biblioteca do mundo antigo foi a Biblioteca de Alexandria, no Egito. Acredita-se que ela tenha sido fundada no século 2 a.C., durante o reinado de Ptolomeu II. Podem ter existido mais de 700 mil volumes, abrangendo obras importantíssimas da Antiguidade, que desapareceram com o tempo e com os diversos incêndios e ataques que trouxeram seu fim definitivo no século I a.C.

Em 2002, foi inaugurada uma grande biblioteca no mesmo local da antiga Biblioteca Alexandrina, como uma homenagem à primeira.

No Brasil, a primeira biblioteca instituída oficialmente foi a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, cujo acervo inicial (70 mil “peças”, segundo o site da Biblioteca Nacional) foi trazido por D. João VI na sua fuga ao Brasil, em razão da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão, em 1808. A data de 29 de outubro de 1810 é considerada oficialmente como a da fundação da biblioteca que, no entanto, só foi aberta ao público em 1814. Antes disso, só existiam as bibliotecas particulares e as dos conventos, onde o acesso ao público era fechado.

Curiosidades sobre as bibliotecas


A Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo lançou em março um especial abordando 5 curiosidades sobre bibliotecas (voltadas para os usuários/interessados que não são da área biblioteconômica). Entre as curiosidades: O que querem dizer aqueles códigos de localização nas lombadas dos livros? Qual foi a primeira biblioteca estabelecida no Brasil? Além disso, também está a disposição um guia de bibliotecas localizadas no Estado de São Paulo (incluindo as bibliotecas da rede municipal de São Paulo e as bibliotecas especializadas mantidas pelas Secretarias e órgãos do Governo do Estado de São Paulo).

Para quem se interessar, o link para o especial "Curiosidades sobre Bibliotecas" é: http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/especial/201103-bibliotecas.php
O site da Biblioteca Virtual é: www.bv.sp.gov.br.

Fonte: Site do OFAJ

terça-feira, 19 de abril de 2011

Os novos cursos de graduação



O avanço da tecnologia e a globalização econômica estão levando as universidades brasileiras a rever seus cursos de graduação, a redefinir suas linhas de pesquisa na pós-graduação e a desenvolver novos projetos pedagógicos. Essa mudança começou timidamente no final do século 20, com a criação de cursos tecnológicos, e ganhou corpo na primeira década do século 21, com o surgimento de bacharelados não convencionais, em áreas como biodiversidade, meio ambiente e energia.

Com o alargamento das fronteiras do conhecimento, o desenvolvimento de novas fontes de energia e a diversificação da economia, propiciados pela expansão da informática, algumas profissões tradicionais desapareceram e outras acabaram surgindo. E, à medida que o mercado de trabalho se tornou mais flexível e mutante, as instituições de ensino superior se viram obrigadas a criar cursos superiores novos e específicos - como bioinformática, engenharia de energias renováveis e agroecologia - ao lado dos cursos tradicionais, como direito, administração e ciências sociais, que proporcionam uma formação clássica e generalista.

Com menor duração e menor abrangência acadêmica, os primeiros desses novos cursos foram lançados por universidades privadas e confessionais com o objetivo de atender a demandas conjunturais de mão de obra qualificada em alguns setores da economia.

Como eram experimentais e tinham forte apelo de marketing, alguns desses cursos acabaram frustrando os alunos, registraram alto índice de evasão e não sobreviveram a mais de uma ou duas turmas. Mas o mercado não deixou de exigir profissionais com uma formação cada vez mais sofisticada, e isso estimulou as universidades públicas e as maiores universidades privadas e confessionais a investir na oferta de cursos de caráter interdisciplinar.

Esse foi um dos fatores que levaram a USP a criar o câmpus da zona leste, em 2005, oferecendo somente cursos novos. No Norte do País, as universidades federais passaram a oferecer cursos que dão prioridade às peculiaridades regionais, mesclando agronomia e zootecnia e valorizando o inventário florestal da Amazônia. Em Minas Gerais, algumas universidades aperfeiçoaram a graduação em tecnologia de alimentos, oferecendo, por exemplo, o curso de Ciência de Laticínios. E, no Rio Grande do Sul, de olho na construção de parques eólicos, a Universidade Federal do Pampa criou no câmpus de Bagé um curso de engenharia elétrica que valoriza mais as atividades de gestão do que as de geração de energia.

As entidades empresarias há muito tempo reclamam da falta de pessoal com formação superior, qualificado nas principais áreas da economia, e apontam para o risco de um apagão de profissionais nas novas áreas do conhecimento. Para orientar as universidades, o Ministério da Educação (MEC) começou a elaborar um mapeamento do mercado, com o objetivo de identificar as carências por região e áreas de conhecimento.

Voltada para as engenharias, a primeira parte do projeto deve ser concluída dentro de dois meses - as partes restantes deverão estar prontas até dezembro, quando o MEC deverá sugerir às universidades os cursos a serem criados. Embora as instituições de ensino superior tenham autonomia para decidir os campos profissionais em que irão atuar, o MEC e as agências de fomento à pesquisa querem evitar desperdício de recursos e iniciativas de duvidosa utilidade. Isso, por exemplo, aconteceu com o bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidades da Universidade Federal da Bahia. Criado há três anos, com base num programa que inclui disciplinas como feminismo, relações de poder e orientação sexual, ele ainda não consegue preencher as 50 vagas oferecidas anualmente.

A reestruturação das universidades é um fenômeno que vem ocorrendo no mundo inteiro. Para os especialistas em educação, o que deve prevalecer nas mudanças é o bom senso dos órgãos colegiados, nas universidades públicas, e dos mantenedores, nas universidades privadas e confessionais.

Fonte: Editorial do jornal O Estado de São Paulo de 19/04/2011

sábado, 16 de abril de 2011

Pesquisa - Cultura no Brasil

Compartilhos neste espaço uma pesquisa sobre a Cutura no Brasil idealizada pela Federação do Comércio do Rio de Janeiro (FECOMÉRCIO/RJ).

Vale a pena consultar a pesquisa em PDF da Fecomércio (texto completo):
http://www.fecomercio-rj.org.br/publique/media/Pesquisa%20Cultura.pdf


Nota: quadro Abaporu de Tarsila do Amaral

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Distrações da memória

A capacidade de realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo cai à medida que o homem envelhece.

Uma nova pesquisa aponta que o motivo pelo qual pessoas mais velhas têm mais dificuldade em alternar tarefas está nas redes neurais. Lidar com múltiplas tarefas envolve a memória de curta duração, que define a capacidade de manter e manipular uma determinada informação em um período de tempo. Essa memória de trabalho é a base de todas as operações mentais, de decorar um número de telefone a digitá-lo em um aparelho, de manter o ritmo de uma conversa a conduzir funções complexas como raciocinar ou aprender.

"Os resultados do estudo sugerem que o impacto negativo das múltiplas tarefas na memória de trabalho não é necessariamente um problema com a memória, mas deriva de uma interação entre atenção e memória", disse Adam Gazzaley, professor da Universidade da Califórnia em San Francisco, um dos autores do estudo que será publicado esta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

De acordo com o estudo, a dificuldade em realizar mais de uma tarefa em um mesmo período de tempo está no momento de alternar entre uma atividade e outra. O problema fundamental não são as próprias tarefas ou as interrupções, mas as distrações. A pesquisa indica que a capacidade do cérebro em ignorar informações irrelevantes cai com a idade e que isso impacta na memória de trabalho.

O estudo reforça que as "coisas da idade", como costumam ser chamados episódios comuns de distração e esquecimento, têm um impacto maior em indivíduos mais velhos.

Os pesquisadores compararam a memória funcional de jovens saudáveis (com idade média de 24,5 anos) e de idosos também saudáveis (com média de 69,1 anos) em testes envolvendo diversas tarefas simultâneras.

Por meio de imagens de ressonância magnética, analisaram o fluxo sanguíneo nos cérebros dos participantes de modo a tentar identificar as atividades de circuitos e redes neurais.

Os participantes tinham que observar uma determinada cena e fixá-la por 14,4 segundos. Durante o período, entrava uma interrupção, na forma da imagem de um rosto, e os voluntários tinham que determinar o sexo e a idade estimada da pessoa. Em seguida, tinham que lembrar a cena original.

Os mais velhos mostraram maior dificuldade em fixar a imagem original. Os exames de ressonância mostraram que quando os participantes eram interrompidos, o processo de fixação da memória dava lugar ao próprio processamento da interrupção.

Os mais jovens conseguiam restabelecer a conexão com a rede da memória após a interrupção, desligando-se da imagem que apareceu no meio do teste. Já os mais velhos, na média, tiveram dificuldade tanto para se desligar da interrupção como para restabelecer a rede neural associada com a memória da cena original.

"O impacto das distrações e das interrupções revela a fragilidade da memória de trabalho. Esse é um fato importante a se considerar, uma vez que vivemos em um meio em que cada vez há mais interferências e exigências, como o aumento na quantidade de dispositivos que transportam informação", disse Gazzaley.

O artigo A deficit in switching between functional brain networks underlies the impact of multitasking on working memory in older adults (doi/10.1073/pnas.1015297108), de Adam Gazzaley e outros, pode ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.1015297108.
(Agência Fapesp)

Fonte: Jornal da Ciência

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Cisne Negro por Maria das Graças Targino

Caros seguidores do Blog Informação em cena

Compartilho com vocês o belíssimo texto da colega Graça Targino (Doutora em Ciência da Informação e jornalista) sobre o filme Cisne Negro publicado em sua coluna no site http://www.ofaj.com.br.

Recomendo o filme e, claro, a leitura deste texto que segue em sequência.


Cisne Negro conta a história de Nina, extraordinária bailarina de importante companhia de balé de Nova Iorque, completamente absorvida e obsessiva em seu desejo de conquistar o papel central, o que lhe faz sentir deslocar-se frente à própria vida. Dito assim, de forma sucinta e sem rodeios, ninguém se dá conta do polêmico que resultou este filme dirigido por Darren Aronofsky (o mesmo de O lutador e Requiém para um sonho) e roteiro de Mark Heyman e Andres Heinz. No elenco, além de Natalie Portman (Nina), estão Mila Kunis (como Lily), Vincent Cassel (como o diretor artístico Thomas Leroy), Ksenia Solo (como Veronica), Winona Ryder (como Beth MacIntyre), entre outros.

Cisne Negro não deixa ninguém imune. É uma produção da qual gostamos muito ou que detestamos muito. Em qualquer das circunstâncias, saímos da sala de projeção carregando o peso do mundo em nossas costas, o que justifica sua classificação no gênero suspense ou, para alguns, drama. É um filme denso em quase a totalidade dos 103 minutos de projeção. Denso no sentido literal do termo: amores patológicos, desamores, desequilíbrios emocionais, competitividade exorbitante no lugar de trabalho, dores silenciadas no mundo das drogas, dores gritadas sob a forma de tentativas de suicídio, troca de favores no mundo das artes (aliás, como em qualquer outro), o amargo sentimento que inunda a alma de qualquer um quando o afeto desaparece.

Cisne Negro comporta uma quase infinita possibilidade de interpretações. Em rodas de discussão que se formam nos pátios das universidades ou nos terraços dos bares, em blogs ou em sites especializados em cinema, não há consenso em torno da qualidade do filme e / ou da essência dos personagens. Tampouco há unanimidade sobre a atuação de Natalie Portman, agraciada com o Oscar de Melhor Atriz 2011. Há quem assegure que sua atuação é demasiada, excessiva, exagerada. Há quem a perceba maravilhosamente realista, sobretudo, nas duras e cruéis cenas de automutilação e de tórrida masturbação.

Cisne Negro, até hoje, depois de meses e meses de lançamento – estreia antecipada em setembro de 2010, quando do 67º Festival de Cinema de Veneza; estreia oficial nos Estados Unidos (Black Swan), em dezembro do mesmo ano; no Brasil, fevereiro de 2011 – desperta opiniões contraditórias. Mas, há pontos unânimes: a entrevisão da beleza fantástica do balé como arte, mas, sobretudo, a beleza e a fealdade que cada ser humano carrega consigo. Temos dentro de nós um cisne branco e um cisne negro. Branco, na acepção de translúcido, cândido, sem mácula, ingênuo, imaculado ou isento das sujeiras da vida. Negro como triste, lúgubre, funesto, melancólico, maldito e sinistro.

Cisne Negro relembra, assim, o pensamento de um escritor e jornalista colombiano Héctor Abad Faciolince que sintetiza este sincretismo do homem, quando diz que somos, irremediavelmente, semelhante a um cubo posto sobre uma mesa. Há uma face que todos podem enxergar: a que está em cima. Há duas outras faces – em cada um dos lados – que alguns conseguem visualizar e outros, não, embora, mediante esforço, cada um possa também vislumbrar. Há uma face que somente nós mesmos enxergamos – a que está à frente de nossos olhos. Há outra face que só os demais vêem – a que está frente a eles. Há uma face oculta a todos, incluindo a nós mesmos – a face na qual o cubo se apoia.

Cisne Negro, por tudo isto, no mínimo, tem o grande mérito de nos fazer pensar sobre o que, de fato, somos. Por exemplo, quando um ente querido se vai, e nos resta arrumar ou revisar seus pertences, à medida que descobrimos sua intimidade, desnudamos facetas até então visíveis somente para ele. São aspectos particulares que protegemos, conscientemente ou não, contra o olhar dos demais. Refiro-me à doce ou à agre intimidade, ao nosso cisne branco e ao nosso cisne negro, nem sempre embalados pela excelente trilha sonora sob encargo de Clint Mansell..

Evento - Diálogos: Bibliotecas Públicas em Perspectivas

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Novos coordenadores de áreas da CAPES

Foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, 7, a Portaria nº 47, que designa os novos coordenadores de área da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Foram 34 professores selecionados, que irão exercer a função de coordenador de área durante o triênio 2011-2013.

Estes professores foram designados a partir de listas tríplices aprovadas pelo Conselho Superior da Capes, em sua 53ª reunião, realizada no dia 15 de março de 2011.As outras áreas encontram-se atualmente em processo, por meio dos comitês de busca. Tão logo esteja concluída esta etapa se passará a próxima, que é a constituição do Conselho Técnico Científico da Educação Superior (CTC-ES).

Também está prevista, ao término da etapa de designação, uma reunião na qual serão convidados todos os coordenadores de ambos os triênios. Na oportunidade, serão apresentados e discutidos o panorama das áreas e as principais ações e orientações de todos os processos e procedimentos relativos à Avaliação.

sábado, 2 de abril de 2011

Livroclips

Livroclips consistem em um trailers, como os de filmes, que trazem resumos de obras, com foco em despertar o interesse dos alunos para a leitura dos clássicos.

Madalena de Fátima Yamamoto, 47 anos, bibliotecária do Colégio Augusto Laranja, localizado na Zona Sul de São Paulo, jura que não estranhou quando viu sob sua gestão a nova biblioteca digital da escola, recheada de livroclips, um instrumento interativo criado para que crianças e jovens assistam aos livros no computador.

De fato, assistir não é o verbo mais adequado para o ato da leitura. Mas desde fevereiro, alunos de cerca de 300 escolas pertencentes à rede Programa Escolas Associadas, da Unesco no Brasil, já assistem aos livros clássicos.

Ainda soa estranho? Pois o livroclip consiste em um trailer, como os de filmes, que traz um resumo da obra, com foco em despertar o interesse dos alunos para a leitura dos livros - de papel ou digital, não importa.
"Muita gente comenta que vamos acabar perdendo o emprego para as novidades tecnológicas, mas eu não acredito que o livro vá acabar. Eu tenho de estar atualizada, não posso ver o livroclip como um concorrente. Ele é um suporte, um incentivo à leitura", garante a bibliotecária.

A iniciativa foi desenvolvida pelo Instituto Canal do Livro - associação sem fins lucrativos que tem o objetivo de capacitar professores em letramento digital -, em 2005, como um recurso educacional e acabou sendo premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Desde 2008 faz parte do Banco Internacional de Objetos Educacionais do Ministério da Educação. Agora, o livroclip está ganhando status de instrumento de capacitação de professores no uso de livros digitais na sala de aula.

"Ler um livro do Graciliano Ramos ou de José Alencar não é fácil para um jovem de hoje", afirma Madalena. Se os alunos de "ontem" achavam mais fácil, a bibliotecária garante que não. "A diferença é que os jovens de agora têm mais liberdade de expressão e reclamam", explica.

Logo, para que eles leiam os clássicos, terão de ser convencidos. E para isto os colégios estão ocupando o espaço favorito dos estudantes, os computadores. "É como uma propaganda de um produto", avalia.
"Temos de falar a linguagem deles, mostrar que os livros têm enredos interessantes e deixá-los curiosos para buscar o papel depois."
Nova biblioteca

A biblioteca digital do Colégio Augusto Laranja foi aberta há cerca de um mês, com 100 títulos voltados para alunos do fundamental II (6º a 9º ano) e ensino médio. A ideia é que os professores atuem como mediadores na leitura.

"Estimular a leitura não é só oferecer livros. Muitos acabam estocados em casa. Quem tem sorte de ter pais leitores acaba tendo essa mediação em casa. Mas os demais contam com a escola para fazer este papel", diz Luiz Chinan, presidente do Instituto Canal do Livro.

Na biblioteca da escola, os professores podem se integrar a redes sociais como Twitter e Facebook para sugerir novas leituras aos alunos. O momento agora é de testar atividades de aulas e preparar a plataforma, para que, no futuro, sejam criados aplicativos de tablets e aparelhos como iPhone ou seus similares.

"A ideia é criar aplicativos com a cara da escola, que atue em um ambiente seguro para o aluno", afirma Chinan. Os alunos podem, por exemplo assistir aos livroclips das obras que serão pedidas no vestibular.

O Instituto Canal do Livro também desenvolve materiais como livros games e mesmo jogos como o Enem War - que, apesar do trocadilho, foi desenvolvido antes dos problemas do Exame Nacional do Ensino Médio, que se arrastam desde o ano passado.

Plataforma de conhecimento


O Centro Edelstein de Ciências Humanas, no Rio de Janeiro, unificou suas quatro bibliotecas virtuais em um único portal na internet.

De acordo com o diretor do Centro Edelstein, Bernardo Sorj, professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o objetivo da iniciativa foi facilitar o acesso gratuito de pesquisadores ao acervo de mais de 40 mil textos que o Centro desenvolveu nos últimos anos em parceria com outras instituições com base na constatação de que as publicações científicas brasileiras e latino-americanas na área de ciências humanas não atingem o público do exterior.

"Fala-se muito no Brasil sobre globalização, sobre internacionalização da ciência e impactos intelectuais além das fronteiras, mas o fato é que no mundo científico se lê pouco português. Inclusive, fizemos uma pesquisa nos Estados Unidos que indicou que muitos latino-americanistas entendem espanhol, mas não compreendem português", disse Sorj, à Agência Fapesp.

Para possibilitar o acesso da comunidade internacional às revistas em ciências sociais da América Latina, o Centro Edelstein desenvolveu há três anos, em parceria com a Scientific Eletronic Library Online (SciELO) - um programa da Fapesp conduzido em parceria com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) -, uma biblioteca virtual de artigos de revistas latino-americanas traduzidos para o inglês.

Denominada SciELO Social Sciences English Edition, o serviço conta com mais de 600 artigos publicados em 30 revistas científicas, sendo 15 brasileiras e as outras 15 latino-americanas. "São os próprios editores das revistas que indicam os artigos para publicação na biblioteca. A única condição para publicarmos é que os artigos sejam de autores brasileiros", disse Sorj.

Em seguida à base de artigos, o Centro lançou, em parceria com o Instituto Fernando Henrique Cardoso, a biblioteca virtual Plataforma Democrática, cujo acervo é composto por artigos e trabalhos acadêmicos sobre democracia na América Latina. "Ela já reúne quase 20 mil textos e cem vídeos e está em constante expansão", disse.

No ano passado, o Centro Edelstein iniciou o desenvolvimento de uma terceira biblioteca virtual, composta por livros de autores brasileiros ou residentes no Brasil que estão fora de circulação. Os direitos autorais dos livros que compõem a biblioteca retornaram aos autores ou estão nas mãos de editoras, que autorizaram o Centro a publicá-los na internet.

"Reeditamos essas obras na biblioteca virtual, que soma 110 títulos de autores brasileiros em todas as áreas das ciências sociais", disse Sorj.

A quarta biblioteca criada pelo Centro disponibiliza mais de 20 mil publicações, em diversas línguas, sobre sociedade da informação. E, de acordo com o diretor, foi criada para suprir a insuficiência de bibliografia sobre o tema.

Acesso internacional - As bibliotecas virtuais do Centro Edelstein registram de seis mil a 10 mil acessos de pesquisadores localizados por mês, do Brasil e de diversos outros países. Em média, os acessos duram entre 6 e 10 minutos, que é muito superior ao tempo de acesso registrado pelos sites convencionais, de acordo com Sorj.

"Nossos acessos são de qualidade e realizados a partir de países como China, Japão, Rússia e Estados Unidos, entre diversos outros. Dificilmente as publicações brasileiras em meio impresso chegariam a esses países", apontou.

Segundo Bernardo Sorj, as publicações científicas impressas ainda gozam de um prestígio no mundo acadêmico que não condiz com a realidade, em que a tendência é publicar cada vez mais eletronicamente, na internet.

"Acreditamos que o meio virtual seja o mais adequado, o mais econômico, o mais democrático e o que atinge melhor o objetivo de uma publicação científica, que é o de disseminar a produção do conhecimento entre os cientistas da forma mais ampla possivel", afirmou.

O professor Sorj conta que, ao criar as bibliotecas virtuais, o Centro Edelstein pretende demonstrar a viabilidade e relevância do projeto e estimular outras instituições a lançar iniciativas semelhantes.

As quatro bibliotecas virtuais do Centro Edelstein podem ser acessadas em: http://www.bvce.org.br

Fonte: Jornal da Ciência